22 de jul. de 2009

Agosto, Rubem Fonseca.

"Na sala o velho parou. Fez um gesto largo com o chapéu na direção de Alice,como um nobre saudando uma rainha. Depois, da porta, olhou o homem e a mulher sérios no meio da sala e disse: "A poção que Brangane lhes deu para beber não é mortal". Dito isso, retirou-se.
"Quem é Brangane ? O que ele quis dizer ?" - Perguntou Alice.
"É uma personagem de ópera. Isolda pede que sua aia Brangane prepare um veneno mortal para ele e Tristão. Mas a aia prepara uma outra poção. Ao beberem-na, ambos redescobrem que se amam." - Respondeu Mattos.
"Você disse redescobrem. Eles se amavam antes ?"
"Sim."
"E depois da redescoberta, o que foi que eles fizeram ?"
"Nada."
Alice olhou atentamente para o rosto do comissário. Ele sempre fora difícil de entender, meio confuso até. No início Alice acreditava que a consciência da própria pobreza e um orgulho exarcebado causavam os seus problemas. Depois, passou a acreditar que o rapaz sofria de alguma forma de morbidez psíquica. Mas quem não sofria ?
Alice apanhou a bolsa, retirou dela um vidro e foi para o banheiro.
Mattos abriu a geladeira, tirou uma garrafa de leite e bebeu no gargalo. A música acabara, mas agora ele preferia o silêncio. Pegou o livro de direito civil e atirou-o com violência de encontro à parede.
"Que barulho foi esse ?", perguntou Alice ,assustada, saindo do banheiro.
"Não foi nada. Só joguei um livro na parede." "

Transcrevo essa parte do Agosto, pq me identifiquei um pouco. Estou tentando descobrir ainda o motivo real, talvez tenha sido só a perte do livro mesmo. oO

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