Outra mudança era deixar o meu cachorro com a minha vó. Pobre Bruce, companheiro de tantas horas, tristes e alegres. Da primeira tentativa frustrada do vestibular até a Batalha dos Aflitos. Ele estava lá, me acompanhando, como um fiel escudeiro. Lembro que quem queria me acordar na minha cama tinha que passar pelo meu cão de guarda (devo dizer que ele era um daschund, vulgo salsichinha), e olha que ele não deixava ninguém chegar perto de mim, quando eu estava deitado, nem mesmo minha mãe. No reta final do vestibular, quando todo vestibulando ou perde o ritmo ou enlouquece, eu estava dando aulas de Química pro cachorro. Coitado do cão. Chegar em casa e não ver ninguém abanar o rabo era algo que não estava nos meus planos.
Uma das perdas, essa bem mais superficial, seria ir morar longe do Olímpico. Mas eu poderia pegar um ônibus perto do apartamento novo e em alguns minutos já estaria no estádio. No velho apartamento eu podia ir a pé, era só descer uma lomba. Eu perderia um pouco de espaço, também. Já que dividiria um quarto com a minha irmã, mas isso era o de menos. Na real, eu não me importava nem um pouco com isso.
No apartamento novo, minha vida se resumiria a faculdade (se eu passasse), o computador, tevê (coisa que eu não gosto muito de ver) e algumas saídas esporádicas. Naquela época eu deveria ter relido o "Quem mexeu no meu Queijo ?". Ter me identificado com aquele ratinho que aceita as mudanças rapidamente. Acho que teria me ajudado. Mas como pra essas coisas eu sou um véio gagá, demorou pra eu me acostumar.
A mudança de casa seria alguns dias depois do meu vestibular, pra não me atrapalhar nos estudos. Esse era o pensamento dos meus pais. Mas eu sempre pensava na mudança, desde que eles me deram a notícia.
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