13 de jan. de 2011

The Long and Winding Road

Conheci duas pessoas recentemente. Nada daquela amizade profunda que tenho com algumas pessoas pelas quais prezo imensamente. Apenas algumas palavras superficiais e histórias completamente diferentes. Porém, o motivo das histórias que eles me contaram é o mesmo.

Conversei longamente com o primeiro sujeito, que era alguns anos mais velho que eu. Muito boa pessoa, por sinal, de caráter íntegro e cheio de si. Ele me contou que há alguns anos atrás, se apaixonou por uma menina. Foi tudo muito rápido, logo que se conheceram, ficaram bem amigos, e ele completamente apaixonado. Tudo que ele vivia era ela. Mas um pouco por timidez, um pouco por falta de coragem, foi deixando o tempo passar. Aquele sentimento foi enchendo seu peito e esmagando sua alma. Ao mesmo tempo que era uma coisa boa de se sentir, ele vivia sempre angustiado por estar preso ao peso das palavras que não conseguia dizer. Enquanto isso eles se tornavam mais cada vez mais próximos.

Até que um dia ele resolveu dar um basta. Acordou decido a mudar toda aquela história, e pq não, sua própria vida. Chamou a garota para sair. Ela aceitou. Foi a primeira vitória. Dali uns dias eles se encontraram em um shopping daquela cidade cinzenta, triste e provinciana. Conversaram sobre muitas coisas, caminharam por todo o shopping, acabando por se sentar em um banco. Naquele banco, ele olhou bem fundo nos olhos dela e começou a despejar tudo que sentia. Tinha cuidado para não assustá-la, mas sabia que aquilo era quase impossível. Quando ele percebeu que ela parecia estar tocada com tais palavras, ele imediatamente pediu uma chance, apenas uma. Era o bastante. Era o que ele precisava. Ela pediu um tempo pra pensar. Ele aceitou, prontamente. Meio hipnotizados e atordoados com a situação, despediram-se com um forte abraço. Foram embora. Cada um para um lado. Talvez para sempre.

Os dias que se seguiram foram pior que estar no inferno para o garoto. A angústia pela espera de uma resposta o matava. Ele achava que estar apaixonado por ela era um pouco ruim, pelos sentimentos já descritos acima, não pensava que seria pior ainda esperar uma resposta dela. Tinha vontade de ligar para ela, mandar mensagem, falar pelo MSN, orkut ou qualquer coisa que o valha. Apenas para saber se ela estava bem, nada mais do que isso. Sabia, porém, que fazendo isso poderia ser interpretado de forma equivocada, colocando uma pressão desnecessária sobre a decisão dela, talvez apressando as coisas e atrapalhando a si próprio.
Até que uns três dias depois daquele fatídico encontro no shopping, o celular dele começa a tocar. As borboletas se agitaram em seu estômago. No visor do telefone, aparece o nome dela. Ele atende, tremendo como se estivesse nu na Sibéria:

- A-A-Alô...
-Oi... Liguei só pra perguntar uma coisa. Tu realmente me ama?
O garoto pensou por algumas frações de segundo antes de responder. Uma música veio imediatamente em sua cabeça e ele a declamou:
- Don't ask me what you know is true. Don't have to tell you, I love your precious heart.

Ela desligou após isso, sem nem se despedir. Ele desatou a chorar, pois achava que havia tudo terminado. Contudo, algumas horas mais tarde o telefone volta a tocar. Era ela de novo. Pediu desculpas por ter desligado, disse estar nervosa e o convidou para sair no dia seguinte.

Depois de algum tempo eles começaram a namorar. O sujeito me disse que hoje em dia já não estão mais juntos. Mas que ele foi muito feliz enquanto esteve com ela e que ela era uma garota extraordinária e que as vezes pensava que não merecia tê-la como namorada. Após proferir tais palavras (um pouco antes de nos despedirmos e irmos embora) ele foi duramente xingado por mim.


O segundo sujeito tem uma história mais breve, porém muito mais pesada. Ele também era um pouco mais velho que eu. Diferentemente do primeiro, o traço mais marcante de sua personalidade era a total falta de segurança em si.
O início da novela foi mais ou menos o mesmo (conheceu a garota, se apaixonou e eles foram se aproximando). Mas sua timidez e sua falta de coragem, nunca deixaram ele falara nada a ela. Ele confessa que perdeu o "timing", a época de ter falado com ela passou há muito tempo.
Por serem muito amigos, continuam se vendo corriqueiramente. Às vezes saem juntos, e quando ele o vê com outro é como se um punhal rasgasse suas costas da nuca até a sua lombar paralelamente a sua coluna. Houve um tempo em que ela namorou um guri. Ele nunca conseguiu ser cortês e simpático com o namorado dela, mesmo ele parecendo ser uma ótima pessoa.
Ele me confidenciou que o pensamento mais comum que tem quando está com ela é: "E se... ?". Isso mata, lentamente, cada célula do seu corpo. Me disse, também, que está feliz, apesar de tudo. Era mentira, o olhar o entregava, o comportamento o entregava. ele jamais conseguiria viver direito a sua vida, até encontrar outra paixão como aquela.

"Let me in here, I know I've been here
Let me into your heart
Let me know you, let me show you
Let me roll it to you
All I have is yours
All you see is mine
And I'm glad to hold you in my arms
I'd have you anytime"

George Harrison - I'd Have You Anytime

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